Odebrecht e Pinheiro entregam Aécio, Alckmin, Aloysio e Serra

Pinheiro e Marcelo Odebrecht, às autoridades, disseram que apontavam os atos ilícitos de Aécio Neves “com prazer”, por considerá-lo oportunista

Por Redação – de Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e São Paulo
As delações premiadas na Operação Lava Jato acabam de causar o comprometimento dos três principais líderes do PSDB. O senador Aécio Neves (PSDB/MG), o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o chanceler do governo golpista, José Serra, foram citados em delações premiadas e, agora, homologadas no Supremo Tribunal Federal (STF). Tanto o presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro, quanto Marcelo Odebrecht, principal executivo da empresa que leva seu nome, confessaram em juízo que os três líderes tucanos receberam propina de esquemas fraudulentos montados na Petrobras e em outras empresas públicas. 


Pinheiro, disse às autoridades, que apontava os atos ilícitos de Aécio Neves “com prazer”, por considerá-lo oportunista ao se beneficiar do ambiente de instabilidade política instaurado com apoio da mídia conservadora, e golpista após as eleições de 2014. Em seu depoimento Léo Pinheiro revela pagamentos de propinas, ao então governador, no total de 3% sobre os valores superfaturados nas obras da Cidade Administrativa de Minas Gerais. Quem recebeu, segundo o empreiteiro, foi o tesoureiro informal da campanha de Aécio Neves, o empresário Oswaldo Borges da Costa. 


O segundo a cair na malha fina da Lava Jato foi o senador José Serra. O candidato derrotado por Dilma Rousseff, em 2010, já deixou pegadas no lodo do escândalo conhecido como ‘Privataria Tucana’ e, dessa vez, foi apontado como beneficiário do dinheiro ilícito apurado nas obras viárias do Rodoanel, pagas por Marcelo Odebrecht. Em sua defesa, disse apenas que nunca autorizou ninguém a falar em seu nome, sem admitir, ou negar, os fatos.

Alckmin, por último, mas não menos importante, vê-se enredado na Operação Alba Branca, na qual o aliado e seu ex-secretário-chefe da Casa Civil Luiz Roberto dos Santos – ou Moita, como é conhecidio – posa ao lado de Edson Aparecido, acusado de comandar a máfia da merenda. Aparecido foi fotografado ao lado de Alckmin, em seu gabinete no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.


Moita, segundo os investigadores, comandava também — a partir de seu gabinete — contatos diretos com suspeitos de fraudar licitações e superfaturar produtos agrícolas destinados à merenda escolar. Um dia antes de deflagrada a operação policial, Luiz Roberto foi exonerado do cargo de confiança por Geraldo Alckmin e voltou para sua função de origem, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Na CPTM, o Moita é apontado como um dos suspeitos na formação do cartel que superfaturou as obras do Metrô paulista, em um escândalo de proporções internacionais, com a participação de gigantes do setor, como a empreiteira francesa Alston e a alemã Siemens.


Depois de comprometidas as possíveis candidaturas dos chefes tucanos, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) — líder do governo golpista, no Senado, suspeito de trair o líder guerrilheiro Carlos Marighella, na década de 70, e levá-lo para a morte em armadilha montada na capital paulista — foi tragado nas investigações da Lava Jato. Nunes fora também citado na delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e da Constran. Pessoa confessou pagamentos ao caixa 2 de Aloysio, na campanha dele em 2010.


O senador repele a denúncia, ao afirmar que “não há nem haverá provas” de que ele usou dinheiro sujo na campanha, mas a partir desta segunda-feira, passa a enfrentar uma nova denúncia, dessa vez, com origem em seu passado nebuloso. Diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro teve aprovada, no STF, a denúncia contra Aloysio, de que entregara a um amigo do senador da década de 1970, quando integravam o grupo guerrilheiro Aliança Libertadora Nacional (ALN), liderado por Marighella.


O delator confirmou à PF uma doação de R$ 200 mil em dinheiro vivo, para a campanha de Aloysio, entregue na sede da empresa em São Paulo ao advogado Marco Moro, que mantém relação de amizade com Nunes desde a década de 70, quando ambos, perseguidos da ditadura, exilaram-se na Europa. Moro nega a denúncia.


Além dos R$ 200 mil alegadamente destinados ao caixa dois da campanha tucana, Pinheiro relatou aos investigadores que a UTC doou R$ 300 mil, por vias oficiais, em duas parcelas, uma de R$ 100 mil e outra de R$ 200 mil, registradas na prestação de contas de Nunes, o que confirma a delação de Pessoa sobre o dinheiro vivo pago a contratados na boca de urna, uma prática considerada também ilegal pelas autoridades eleitorais do país. 


Mais podres de Alckmin a Serra O calvário dos tucanos até o cadafalso eleitoral, porém, está longe de terminar. Nesta manhã, o advogado responsável pelas negociações da delação premiada de Marcos Valério com o Ministério Público de Minas Gerais confirmou que pretende revelar “entre 15 e 20” autoridades, que incluiriam atuais integrantes do governo do presidente de facto, Michel Temer, até políticos do PT, do PSDB, do PMDB e de outras siglas, em troca da redução nas penas previstas em Lei. 


Os acusados, dessa vez, estão envolvidos no escândalo conhecido como ‘mensalão mineiro’, na origem da ação penal 470. Entre os principais envolvidos está o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB), do mensalão do PT e da Lava Jato. 


— Tem gente sobre quem ele pode falar e ainda não apareceu. Tem deputados estaduais, federais, senadores e ex-senadores. Alguns não teriam sido reeleitos se ele já tivesse feito a delação. Tem também gente do atual governo de Michel Temer — encerra Jean Robert Kobayashi, em recente entrevista a jornalistas. Valério foi condenado em 2012 a 37 anos de prisão pelo esquema do chamado mensalão do PT.
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